É um dia, também, para reflexão. Será que as conquistas já são satisfatórias? Não haverá mais nada por quê lutar?
Entendo que estamos, ainda, muito longe da sociedade ideal. Há muito o que fazer para chegarmos lá. Apesar de termos ótimo grau de liberdade falta juntarmos a essa conquista a " igualdade ". Falta construirmos, em nós mesmos, elevado grau de " solidariedade ".
Há muita miséria, muita fome, muita violência, muito desemprego, muito desabrigo, muita insegurança, muita desesperança. Os salários, da maioria de nosso Povo,ainda são muito baixos, insatisfatórios. Não permitem satisfazer todas as necessidades básicas. São necessárias muitas escolas técnicas públicas e mais universidades públicas. É necessário melhorar muito o acesso ao ensino. É necessário avançar no modo de gerar emprego e distribuir renda, ir muito além da carteira assinada. É necessário desenvolver e ampliar os programas para que os trabalhadores se tornem empreendedores, como os da Economia Popular Solidária.
Precisamos avançar muito na compreensão de nossa diversidade para a eliminação dos preconceitos que nos amarram a visões e posturas desumanas. Refiro-me às questões étnicas, de gênero, dos portadores de deficiências, das opções sexuais e, principalmente,às questões de classe
Mas é necessário festejar pelo que já conquistamos sem perder de vista que, para as novas conquistas, para avançar e eliminar as imensas carências e os odiosos preconceitos, é necessário unir o debate e a luta aos festejos, ou seja, festejar, que ninguém é de ferro, mas debater e lutar para avançar, para melhorar. Como escreveu Rosa Luxemburgo: " Temos que lutar por um Mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres."
Com este texto quero homenagear todas as trabalhadoras e todos os trabalhadores, neste 1ºde MAIO de 2011. e acrescento, abaixo, duas contribuições maravilhosas desse notável lutador social e grande companheiro, o professor Gerson Yamin.
Meu Maio
A todos que saíram às ruas,
De corpo-máquina cansado,
A todos que imploram feriado
As costas que a terra extenua
Primeiro de Maio!
Meu mundo, em primaveras,
Derrete a neve com sol gaio.
Sou operário - este é meu maio!
Sou camponês - este é o meu mês!
Sou ferro - eis o maio que quero!
Sou terra - o maio é minha era!
Vladimir Maiakowski
Como os EUA apagaram o 1º de Maio
Artigo de Eduardo Galeano, extraído de "O livro dos Abraços":
Chicago está cheia de fábricas. Existem fábricas até no centro da cidade, ao redor de um dos edifícios mais altos do mundo. Chicago está cheia de fábricas, Chicago está cheia de operários.
Ao chegar ao bairro de Heymarket, peço aos meus amigos que me mostrem o lugar onde foram enforcados, em 1886, aqueles operários que o mundo inteiro saúda a cada primeiro de maio. – Deve ser por aqui – me dizem. Mas ninguém sabe. Não foi erguida nenhuma estátua em memória dos mártires de Chicago nem na cidade de Chicago. Nem estátua, nem monolito, nem placa de bronze, nem nada.
O primeiro de maio é o único dia verdadeiramente universal da humanidade inteira, o único dia no qual coincidem todas as histórias e todas as geografias, todas as línguas e as religiões e as culturas do mundo; mas nos Estados Unidos o primeiro de maio é um dia como qualquer outro. Nesse dia, as pessoas trabalham normalmente, e ninguém, ou quase ninguém, recorda que os direitos da classe operária não brotaram do vento, ou da mão de Deus ou do amo.
Após a inútil exploração de Heymarket, meus amigos me levam para conhecer a melhor livraria da cidade. E lá, por pura curiosidade, por pura casualidade, descubro um velho cartaz que está como que esperando por mim, metido entre muitos outros cartazes de música, rock e cinema.
O cartaz reproduz um provérbio da África: Até que os leões tenham seus próprios historiadores, as histórias de caçadas continuarão glorificando o caçador.
Chicago está cheia de fábricas. Existem fábricas até no centro da cidade, ao redor de um dos edifícios mais altos do mundo. Chicago está cheia de fábricas, Chicago está cheia de operários.
Ao chegar ao bairro de Heymarket, peço aos meus amigos que me mostrem o lugar onde foram enforcados, em 1886, aqueles operários que o mundo inteiro saúda a cada primeiro de maio. – Deve ser por aqui – me dizem. Mas ninguém sabe. Não foi erguida nenhuma estátua em memória dos mártires de Chicago nem na cidade de Chicago. Nem estátua, nem monolito, nem placa de bronze, nem nada.
O primeiro de maio é o único dia verdadeiramente universal da humanidade inteira, o único dia no qual coincidem todas as histórias e todas as geografias, todas as línguas e as religiões e as culturas do mundo; mas nos Estados Unidos o primeiro de maio é um dia como qualquer outro. Nesse dia, as pessoas trabalham normalmente, e ninguém, ou quase ninguém, recorda que os direitos da classe operária não brotaram do vento, ou da mão de Deus ou do amo.
Após a inútil exploração de Heymarket, meus amigos me levam para conhecer a melhor livraria da cidade. E lá, por pura curiosidade, por pura casualidade, descubro um velho cartaz que está como que esperando por mim, metido entre muitos outros cartazes de música, rock e cinema.
O cartaz reproduz um provérbio da África: Até que os leões tenham seus próprios historiadores, as histórias de caçadas continuarão glorificando o caçador.
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