2 de dezembro de 2011

CGTEE ANUNCIA SOLUÇÃO E TRANQUILIZA MORADORES DOS CHALÉS DA VILA OPERÁRIA
                         FOTO JOÃO ANDRÉ LEHR

 
Durante a Audiência Pública, realizada 29/11 à tarde no CTG Batalha do Seival, para expor os resultados das ações acertadas no Termo de Ajustamento de Conduta – TAC firmado com o Ministério Público Federal e o Ibama, o Presidente da CGTEE, Dr. Sereno Chaise, com intermediação do vereador João Couto ( PT ) recebeu a Comissão Representativa dos moradores dos chalés da Vila Operária, constituída por Jesus Pinheiro, Gleiner André Pereira e Paulo Tieguevara de Freitas que afirmaram querer comprar os chalés. Porém devido à sua impossiblidade de fazer poupança, por causa dos baixos salários que recebem, estão sem as mínimas condições de comprá-los uma vez que não há financiamento para esse tipo de imóvel: muito velho e de madeira e a CGTEE só os vende à vista.

No início deste ano o vereador João Couto esteve no Ministério das Cidades em busca de solução. A única solução apontada foi a CGTEE repassar os chalés para a Prefeitura e esta negociá-los segundo as condições de cada família.

No entanto, dia 29/11,terça-feira, ao final da Audiência Pública, o Presidente da CGTEE, Sereno Chaise, concedeu audiência à Comissão e ao Vereador João Couto. Após ouvir os argumentos da Comissão informou que nenhuma família dos chalés corre risco de ser despejada, dissipando a angústia que reinava entre elas tendo em vista frequentes boatos de que isso aconteceria. Afirmou, ainda, que a CGTEE assinará um contrato de concessão de uso com os moradores com o direito de morar ali por toda a vida. “ Eu não vou despejar ninguém das casinhas. Podem ficar tranquilos. Tambem não vou fazer o que o vereador João Couto está propondo que é doar as casinhas para a Prefeitura. A CGTEE é uma empresa e eu tenho que zelar pelo patrimônio dela. Vou fazer com voces um contrato de cessão de uso para toda a vida. Fica bem assim?” afirmou Sereno Chaise.

Jesus Pinheiro perguntou se, ao longo da vigência desse contrato, quem obtivesse condições de comprar se poderia fazer isso. A resposta do Presidente foi afirmativa. Ao que Jesus Pinheiro acrescentou : “ Então essa proposta é muito boa e nos interessa. Com isso ficaremos tranquilos e com nosso problema de moradia resolvido”. Os demais membros da Comissão concordaram e agradeceram ao vereador João Couto por sua dedicação à solução desse problema.

“A solução foi, por um lado, o resultado da organização dos moradores, de sua disposição para a negociação e sua capacidade de propor e, por outro, a compreensão da Diretoria da CGTEE sobre como resolver um problema social grave como a falta de moradia para a camada mais pobre da população. Fico orgulhoso de ter ajudado na solução.” afirmou o vereador João Couto.

1 de dezembro de 2011

Villaverde é o candidato do PT na Capital

Alexandre Leboutte
ANTONIO PAZ/JC
Presidente da Assembleia Legislativa será aclamado como nome do partido para disputar a prefeitura 
Presidente da Assembleia Legislativa será aclamado como nome do partido para disputar a prefeitura
 
O presidente da Assembleia Legislativa, Adão Villaverde (PT), será o candidato do PT à prefeitura de Porto Alegre nas eleições de 2012. Ontem, o presidente estadual do PT, deputado Raul Pont, que concorria pela cabeça de chapa com Villaverde, anunciou a retirada de seu nome da disputa.

Com isso, Villaverde é o único pré-candidato petista ao paço municipial e será aclamado pelos 344 delegados do diretório municipal que se reunirão em convenção no sábado, no Hotel Ritter, Centro de Porto Alegre.

Em coletiva, no início da tarde de ontem, Pont explicou que sua desistência visava à "construção da unidade partidária", uma vez que seu nome não teria conseguido "atingir o consenso esperado".

Pont tinha o apoio de 161 delegados, correspondendo a 46,8% do total, enquanto Villaverde alcançava 183 delegados, representando 53,2% dos votos do diretório.

O deputado leu uma nota, com seis pontos, justificando os motivos da decisão. Cita que seu nome foi lançado para garantir que o partido tivesse candidatura própria, no momento em que surgiam vozes na sigla defendendo o apoio a outros partidos.

"A tese da candidatura própria sai vitoriosa e hoje é um consenso partidário. Fomos importantes para essa definição", comemora Pont. Mais uma vez, o deputado criticou o fato de algumas correntes terem definido apoio a Villaverde com base em "compromissos passados ou futuros", em uma alusão ao Movimento PT, grupo da ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário.

O coordenador-geral da tendência, Cícero Balestro, havia justificado, na segunda-feira, que, entre outros motivos, o apoio a Villaverde também se dava em retribuição ao respaldo recebido por Maria do Rosário na eleição de 2008.

A presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, vereadora Sofia Cavedon (PT), integrante da mesma corrente de Pont, a Democracia Socialista (DS), entende que a retirada da candidatura "foi um primeiro gesto, mas a unidade ainda precisa ser construída até sábado", revelando ser necessário um debate entre os grupos para afinar as propostas.

O secretário-geral do Governo Tarso Genro (PT), Estilac Xavier, membro da corrente PT Amplo e Democrático, que apoiava Pont, também vê a necessidade de uma discussão programática. "Não existe unidade porque se quer ou se proclama; a unidade tem de vir através de convicções. Todos precisam estar convergindo para que tenhamos uma candidatura forte", argumenta Estilac.

Para Villaverde, não há mal-estar ou divisão entre os grupos que apoiaram as duas pré-candidaturas. "O debate de ideias e as posições muitas vezes contundentes acerca de determinados temas nunca foram tabu no PT. Pelo contrário, faz parte da história de valorização da democracia interna", entende o presidente da Assembleia.

Villaverde telefonou para o correligionário, logo após a coletiva em que anunciou a retirada de sua pré-candidatura, e o convidou para uma conversa. No final da tarde, os dois tiveram um encontro a portas fechadas, no gabinete de Pont na Assembleia.

"O gesto dele pavimentou o caminho para a grande unidade. Agora vamos fazer uma convenção e estabelecer as diretrizes de um programa que planeje a Porto Alegre do futuro e tire a Capital desse adormecimento em que está", discursou Villaverde, já em tom de campanha.

A executiva municipal do PT faz reunião ordinária às 19h de hoje para acertar detalhes da convenção. O presidente da executiva, vereador Adeli Sell, afirma que o encontro de sábado vai tratar da política de alianças e da tática eleitoral da campanha, além de aclamar Villaverde como candidato petista à prefeitura da Capital em 2012.

‘Posição de Raul foi decisiva para a candidatura própria'

O chefe da Casa Civil do governo do Estado, Carlos Pestana (PT), avaliou ontem que o lançamento do nome do presidente estadual do PT, Raul Pont, na disputa interna do partido foi decisivo para garantir a candidatura própria petista nas eleições da prefeitura de Porto Alegre em 2012. Pestana observou que os nomes até então apresentados eram "de composição" com outras chapas e que a partir da inscrição de Pont houve a consolidação da ideia de um candidato petista na cabeça de chapa.

Depois da coletiva em que o presidente estadual do PT anunciou a retirada de sua candidatura, Pestana afirmou que todo o partido irá trabalhar por Adão Villaverde, mas projetou uma eleição difícil em 2012. Ele comparou ao cenário de 2010, quando Tarso Genro (PT) venceu o pleito ao Palácio Piratini, derrotando a governadora Yeda Crusius (PSDB), que tinha uma gestão mal avaliada, e José Fogaça (PMDB), de outro campo político.

"Agora os candidatos que enfrentaremos são mais ou menos do mesmo espectro, fazem parte dos governos Tarso e Dilma Rousseff (PT). E são fortes, tanto a Manuela d'Ávila (PCdoB) quanto o prefeito José Fortunati (PDT), que tem uma administração bem avaliada segundo as pesquisas." Segundo Pestana, o desafio é definir a estratégia do PT o quanto antes para poder superar Manuela e Fortunati. A ideia é que o tema comece a ser discutido já na convenção de sábado.
Carvão será a principal fonte energética no mundo até 2050

Projeção é que a produção do mineral dobre nos próximos anos, superando o petróleo
ANTONIO PAZ/JC
Emissão de CO2 deve diminuir, diz Vicente 
 
Emissão de CO2 deve diminuir, diz Vicente
 
Apesar do aumento de gerações renováveis como a solar e a eólica, em 2050, individualmente, a fonte predominante de produção de energia primária no planeta deverá ser o carvão. A perspectiva é de que esse mineral, entre 2000 e 2050, dobre sua produção e supere o petróleo dentro da matriz energética mundial.

O insumo saltará de um consumo de 97 exajoule (EJ) registrado em 2000, para algo entre 208 EJ e 263 EJ, em 2050. A elevação do uso do carvão será ocasionada pelo crescimento da população mundial que chegará a cerca de 9 bilhões de pessoas, aumentando, por consequência, a demanda de energia. Essa perspectiva foi apresentada durante a palestra Encontro Energia 2050, promovida ontem pela empresa Shell na faculdade de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). A expansão do carvão será favorecida pelas crescentes preocupações energéticas. As forças políticas e de mercado favorecem o desenvolvimento do mineral como uma opção energética de baixo custo, apesar dos seus impactos ambientais.

Em parte como resposta às pressões públicas pela independência energética e porque o carvão fornece uma fonte local de emprego, as políticas governamentais em muitas das maiores economias incentivam este recurso.

O responsável pelas relações governamentais da Shell Brasil, Tiago de Moraes Vicente, destaca que o carvão é abundante em algumas regiões do planeta como, por exemplo, a Ásia. "Por isso, ele deve subir na matriz energética devido aos crescimentos futuros da Índia e da China", projeta. No entanto, ele não acredita que esse combustível fóssil tenha um incremento expressivo no Brasil.

Mesmo com o avanço do carvão mineral, Vicente diz que as emissões de CO2 poderão diminuir futuramente com o aprimoramento da tecnologia, medidas de captura e sequestro do dióxido de carbono e iniciativas de eficientização energética. Além disso, se somadas, as fontes eólicas, solar, biomassa (matéria orgânica) e outras renováveis, produzirão mais energia do que o carvão.
O roubo do século
Samuel Casal
por Silvio Caccia Bava
http://diplomatique.uol.com.br/
Os bancos ficaram grandes demais. Maiores e mais poderosos que os governos, eles hoje mandam no mundo e impõem as regras do jogo financeiro internacional. Na crise de 2007/2008 eles impuseram que os governos pagassem as suas contas com dinheiro público, quando suas especulações no mercado não deram certo. Agora, em uma situação muito mais delicada, com os governos já endividados pelo movimento anterior, novamente essas instituições cobram o socorro dos governos nacionais e mesmo da União Européia.

Desconhecendo as lições da crise anterior e até mesmo aumentando os riscos de praticar uma especulação ainda mais intensa, muitos desses grandes bancos estão hoje super expostos num duplo sentido: tanto pela operação especulativa com derivativos, alavancando seu capital na proporção de até 1:50, como é o caso do banco francês Societé
Générale; como pela compra de títulos dos governos da Grécia, Espanha, Portugal, obrigados a aceitar taxas de juros escorchantes pelo risco embutido no empréstimo. Hoje, os títulos da Grécia, pelo default anunciado, isto é, pela ameaça real do calote, valem no mercado menos que metade do seu valor de face e, se os bancos que os detém tiverem que se desfazer deles, terão grandes prejuízos. O efeito conjugado dessas duas frentes de especulação leva a um estado de endividamento dos grandes bancos internacionais que ameaça sua solvência.

A sua fragilidade, neste momento, é consequência deles próprios terem criado esse cassino financeiro, em que, especulativamente, ganham fortunas em poucas horas. Sua ameaça, por serem grandes demais, é que, se forem à falência, todo o sistema financeiro entra em colapso e a economia real também. É uma chantagem na qual os governos nacionais ficam reféns. E se os governos aceitam essa chantagem, como vêm fazendo, ficam eles super endividados e, para saldar as novas dívidas, acabam por promover ajustes no orçamento público que implicam corte nas políticas de previdência e nas políticas sociais, desemprego e toda uma cesta de maldades para com a população que termina por colocá-los contra o interesse das maiorias. A Grécia hoje é o melhor exemplo, mas não o único.

Nesse cenário, chamam a atenção duas iniciativas: a estatização do sistema financeiro privado, que ocorreu, por exemplo, com bancos na Irlanda e nos EUA; e os esforços de uma regulação pública supranacional, como se aplica para pôr em prática a União Européia, através do Banco Central Europeu e do Fundo de Estabilização criado há pouco. Estarão, por meio dessas iniciativas, delineando-se novas tendências no plano da governança mundial?

Como os bancos privados vieram se constituindo como os atuais donos do poder? Como foram criadas as condições para que a ciranda do cassino financeiro ameaçasse toda a população do mundo com uma possível Segunda Grande Depressão? Será possível reunificar o que a doutrina neoliberal impôs, que é a separação entre a economia e a política? Haverá possibilidade de um controle democrático do mundo das finanças? Ou continuaremos com a socialização das perdas e a privatização dos ganhos?


Silvio Caccia Bava é editor de Le Monde Diplomatique Brasil e coordenador geral do Instituto Pólis.

28 de novembro de 2011

BETH CARVALHO - " SÓ ACREDITO NO MODELO SOCIALISTA. É O ÚNICO QUE PODE SALVAR A HUMANIDADE."

Beth Carvalho: "CIA quer acabar com a cultura brasileira"

Em entrevista ao jornalista Valmir Moratelli, do iG por ocasião do lançamento do CD de músicas inéditas "Nosso samba tá na rua" - dedicado a dona Ivone Lara, com canções sobre a negritude, o amor e o feminismo - a cantora Beth Carvalho é mordaz : "a CIA quer acabar com o samba. É uma luta contra a cultura brasileira. Os Estados Unidos querem dominar o mundo através da cultura", diz a cantora, presidente de honra do PDT.

George Magaraia

"Só acredito no modelo socialista, é o único que pode salvar a humanidade"

iG: Em seu novo CD, a letra "Chega" é visivelmente feminista. Por que é raro o samba dar voz a mulheres?

Beth Carvalho: O mundo, não só o samba, é machista. Melhorou bastante devido à luta das mulheres, mas a cada cinco minutos uma mulher apanha no Brasil. É um absurdo. Parece que está tudo bem, mas não é bem assim. Sempre fui ligada a movimentos libertários.

iG: De que forma o samba é machista?

Beth Carvalho: A maioria dos sambistas é homem. Depois de mim, Clara Nunes e Alcione, as coisas melhoraram. O samba é machista, mas o papel da mulher é forte. O samba é matriarcal, na medida que dona Vicentina, dona Neuma, dona Zica comandam os bastidores da história. Eu, por exemplo, sou madrinha de muitos homens (risos).

iG: A senhora é vizinha da favela da Rocinha. Como vê o processo de pacificação?

Beth Carvalho: Faltou, por muitos anos, a força do estado nestas comunidades. Agora estão fazendo isso de maneira brutal e, de certa forma, necessária. Mas se não tiver o lado social junto, dando a posse de terreno para quem mora lá há tanto tempo, as pessoas vão continuar inseguras. E os morros virarão uma especulação imobiliária.

iG: Alguns culpam o governo Leonel Brizola (1983-1987/1991-1994) pelo fortalecimento do tráfico nos morros. A senhora, que era amiga do ex-governador, concorda?

Beth Carvalho: Isso é muito injusto. É absurdo (diz em tom áspero). Se tivessem respeitado os Cieps, a atual geração não seria de viciados em crack, mas de pessoas bem informadas. Brizola discutia por que não metem o pé na porta nos condomínios da Avenida Viera Souto (em Ipanema) como metem nos barracos. Ele não podia fazer milagre.

iG: Defende a permanência de Carlos Lupi no Ministério do Trabalho?

Beth Carvalho: Olha, sou presidente de honra do PDT porque é um título carinhoso que Brizola me deu, mas não sou filiada ao PDT. Não tenho uma opinião formada sobre isso, porque não sei detalhes. Existe uma grande rigidez a partidos de esquerda. Fizeram isso com o PCdoB do Orlando Silva, e agora fazem com o PDT. O que conheço do Lupi é uma pessoa muito correta. Eles deveriam ser menos perseguidos pela mídia.

iG: Aqui na sua casa há várias imagens de Che Guevara e de Fidel Castro. Acredita no modelo socialista?

Beth Carvalho: Eu só acredito no modelo socialista, é o único que pode salvar a humanidade. Não tem outro (fala de forma enfática). Cuba diz 'me deixem em paz'. Os Estados Unidos, com o bloqueio econômico, fazem sacanagem com um país pobre que só tem cana de açúcar e tabaco.

iG: Mas e a falta de liberdade de expressão em Cuba?

Beth Carvalho: Eu não me sinto com liberdade de expressão no Brasil.

iG: Por quê?

Beth Carvalho: Porque existe uma ditadura civil no Brasil. Você não pode falar mal de muita coisa.

iG: Como quais?

Beth Carvalho: Não falo. Tem uma mídia aí que acaba com você. Existe uma censura. Não tem quase nenhum programa de TV ao vivo que nos permita ir lá falar o que pensamos. São todos gravados. Você não sabe que vai sair o que você falou, tudo tem edição. A censura está no ar.

iG: Mas em países como Cuba a censura é institucionalizada, não?

Beth Carvalho: Não existe isso que você está falando, para começo de conversa. Cuba não precisa ter mais que um partido. É um partido contra todo o imperialismo dos Estados Unidos. Aqui a gente está acostumada a ter vários partidos e acha que isso é democracia.

iG: Este não seria um pensamento ultrapassado?

Beth Carvalho: Meu Deus do céu! Estados Unidos têm ódio mortal da derrota para oito homens, incluindo Fidel e Che, que expulsaram os americanos usando apenas o idealismo cubano. Os americanos dormem e acordam pensando o dia inteiro em como acabar com Cuba. É muito difícil ter outro Fidel, outro Brizola, outro Lula. A cada cem anos você tem um Pixinguinha, um Cartola, um Vinicius de Moraes... A mesma coisa na liderança política. Não é questão de ditadura, é dificuldade de encontrar outro melhor para ocupar o cargo. É difícil encontrar outro Hugo Chávez.

iG: Chávez é acusado por muitos de ter acabado com a democracia na Venezuela.

Beth Carvalho: Acabou com o quê? Com o quê? (indaga com voz alta)

iG: Com a democracia...

Beth Carvalho: Chávez é um grande líder, é uma maravilha aquele homem. Ele acabou com a exploração dos Estados Unidos. Onde tem petróleo estão os Estados Unidos. Chávez acabou com o analfabetismo na Venezuela, que é o foco dos Estados Unidos porque surgiu um líder eleito pelo povo. Houve uma tentativa de golpe dos americanos apoiada por uma rede de TV.

iG: A emissora que fazia oposição ao governo e que foi tirada do ar por Chávez...

Beth Carvalho: Não tirou do ar (fala em tom áspero). Não deu mais a concessão. É diferente. Aqui no Brasil o governo pode fazer a mesma coisa, televisão aberta é concessão pública. Por que vou dar concessão a quem deu um golpe sujo em mim? Tem todo direito de não dar.

iG: A senhora defende que o governo brasileiro deveria cassar TV que faz oposição?

Beth Carvalho: Acho que se estiver devendo, deve cassar sim. Tem que ser o bonzinho eternamente? Isso não é liberdade de expressão, é falta de respeito com o presidente da República. Quem cassava direitos era a ditadura militar, é de direito não dar concessão. Isso eu apoio.

iG: Por ser oriundo dos morros, o samba foi conivente com o poder paralelo dos traficantes?

Beth Carvalho: Não, o samba teve prejuízo enorme. Hoje dificilmente se consegue senhoras para a ala das baianas nas escolas de samba. Elas estão nas igrejas evangélicas, proibidas de sambar. Não se vê mais garoto com tamborim na mão, vê com fuzil. O samba perdeu espaço para o funk.

iG: Quem é o culpado?

Beth Carvalho: Isso tem tudo a ver com a CIA (Agência Central de Inteligência dos EUA), que quer acabar com o samba. É uma luta contra a cultura brasileira. Os Estados Unidos querem dominar o mundo através da cultura. Estas armas dos morros vêm de onde? Vem tudo de fora. Os Estados Unidos colocam armas aqui dentro para acabar com a cultura dos morros, nos fazendo achar que é paranoia da esquerda. Mas não é, não.

iG: O samba vai resistir a esta "guerra" que a senhora diz existir?

Beth Carvalho: Samba é resistência. Meu disco é uma resistência, não deixa de ser uma passeata: "Nosso samba tá na rua".

Fonte: iG