8 de outubro de 2011

A DEMOCRACIA AVANÇA

Para Raul Pont, reconhecimento de escritor sem religião em Israel é histórico e crucial para o país

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O escritor israelense Yoram Kaniuk conseguiu ser reconhecido por um tribunal do país como "sem religião" e não como pertencente à religião judaica nos registros de estado civil, informou o jornal Haaretz nesta sexta-feira (7/10).

Para o deputado Raul Pont, a decisão é histórica e crucial no Estado de  Israel.

“Apesar do caráter progressista e de luta pelo espaço nacional quando da criação do Estado de Israel, a adoção do caráter confessional foi elemento decisivo para que o novo país se afastasse da tolerância e do respeito a outras crenças, condição primordial para a democracia. O caráter confessional do Estado de Israel tornou-se, cada vez mais, um elemento de exclusão e intolerância em relação a outros povos que vivem no mesmo país.”
O escritor, de 81 anos, considera que a decisão pode estabelecer uma jurisprudência.

Depois de ter solicitado, sem sucesso, ao Ministério do Interior a eliminação de qualquer menção religiosa no documento de estado civil, Kaniuk apelou à justiça em maio e afirmou que não desejava pertencer "ao que se chama de religião judaica em Israel", o que comparou ao islã no Irã. “O exemplo mais gritante é a ausência de casamentos civis no país. Atualmente, judeus israelenses só podem se casar sob os auspícios das autoridades religiosas”, contou Kaniuk.

Esta semana, o tribunal de Tel Aviv considerou que qualquer cidadão tem o direito de definir-se como "livre de religião", de acordo com a lei fundamental israelense sobre a liberdade e a dignidade humanas.O ministério do Interior, tradicionalmente dominado por partidos religiosos, não aceita a menção povo israelense por incluir judeus e não judeus, o que prejudicaria o caráter judaico do Estado. “O caso de Yoram Kaniuk tem um simbolismo histórico e pode abrir um processo de transformação de Israel em um Estado laico, condição básica para uma verdadeira democracia e, talvez, para um novo rumo nas relações com outros povos”, conclui Pont.

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