8 de outubro de 2011

ESTÍMULO À PROFISSIONALIZAÇÃO E AO TRABALHO

Aprovada Política Estadual do Primeiro Emprego

http://www.raulpont.com.br/

O deputado Raul Pont comemora a aprovação, por unanimidade, do projeto de lei, de sua autoria, que institui a Política Estadual do Primeiro Emprego.

 Após a votação, que aconteceu na tarde desta terça-feira (4/10) no plenário da Assembleia Legislativa, o projeto fica aguardando a sanção do governador para se transformar em lei.

 “O intuito aqui é o de estabelecer essa política, que seja bastante ampla. Não é esse o foco do projeto, mas seria importante que o Estado retomasse, por exemplo, políticas já praticadas aqui nesse sentido, por meio das quais o Estado estimula empresários a assumirem o compromisso de um ano de carteira assinada com os jovens, e o próprio Estado garante a remuneração parcial desse salário como um estímulo às empresas”, disse Pont.

O deputado acredita, ainda, que o projeto se alinha com preocupações que já existem dentro da Secretaria Estadual de Educação, que está planejando uma reformulação no ensino médio, para que os estudantes tenham uma formação mais focada.

 “É uma reformulação profunda para dar-lhe um caráter de politecnia e, ao mesmo tempo, de desenvolver um número maior de escolas profissionais, que permitam ao jovem ter uma formação mais dirigida no momento em que ele vai buscar o seu primeiro emprego”, explicou.

 Pont acrescenta ainda que esse processo pode se desenvolver por meio de cooperativas, do estímulo à organização de pequenos empreendedores. “Estes são sempre grandes estimuladores da primeira atividade profissional que um jovem e uma jovem venham a exercer.”

O projeto determina que as ações da Política Estadual de Primeiro Emprego deverão ser direcionadas, preferencialmente, às cooperativas de produção, empresas de autogestão, micro e pequenas e médias empresas. Aos participantes do programa serão garantidos os direitos sociais aplicáveis à categoria profissional a qual estiverem vinculados e jornada compatível com horário de ensino. Além disso, a proposta assegura oportunidades a portadores de deficiência, portadores de altas habilidades, egressos do sistema prisional e vinculados a programas de inserção social.

A DEMOCRACIA AVANÇA

Para Raul Pont, reconhecimento de escritor sem religião em Israel é histórico e crucial para o país

http://www.raulpont.com.br/

O escritor israelense Yoram Kaniuk conseguiu ser reconhecido por um tribunal do país como "sem religião" e não como pertencente à religião judaica nos registros de estado civil, informou o jornal Haaretz nesta sexta-feira (7/10).

Para o deputado Raul Pont, a decisão é histórica e crucial no Estado de  Israel.

“Apesar do caráter progressista e de luta pelo espaço nacional quando da criação do Estado de Israel, a adoção do caráter confessional foi elemento decisivo para que o novo país se afastasse da tolerância e do respeito a outras crenças, condição primordial para a democracia. O caráter confessional do Estado de Israel tornou-se, cada vez mais, um elemento de exclusão e intolerância em relação a outros povos que vivem no mesmo país.”
O escritor, de 81 anos, considera que a decisão pode estabelecer uma jurisprudência.

Depois de ter solicitado, sem sucesso, ao Ministério do Interior a eliminação de qualquer menção religiosa no documento de estado civil, Kaniuk apelou à justiça em maio e afirmou que não desejava pertencer "ao que se chama de religião judaica em Israel", o que comparou ao islã no Irã. “O exemplo mais gritante é a ausência de casamentos civis no país. Atualmente, judeus israelenses só podem se casar sob os auspícios das autoridades religiosas”, contou Kaniuk.

Esta semana, o tribunal de Tel Aviv considerou que qualquer cidadão tem o direito de definir-se como "livre de religião", de acordo com a lei fundamental israelense sobre a liberdade e a dignidade humanas.O ministério do Interior, tradicionalmente dominado por partidos religiosos, não aceita a menção povo israelense por incluir judeus e não judeus, o que prejudicaria o caráter judaico do Estado. “O caso de Yoram Kaniuk tem um simbolismo histórico e pode abrir um processo de transformação de Israel em um Estado laico, condição básica para uma verdadeira democracia e, talvez, para um novo rumo nas relações com outros povos”, conclui Pont.

A ÁGUA NOSSA DE CADA DIA II

ÁGUA

Direção Executiva do PT/RS aprova Resolução que reafirma posição do partido contra privatização da água, na reunião presença do Secretário da Habitação Marcel Frison

A Direção Executiva do PT/RS aprovou por unanimidade Resolução contrária a qualquer processo que leve a privatização da água. O documento vai além, determina para seus filiados, bancadas e prefeitos que avaliem, sempre, a permanência do PT em coalizões que tenham aberto licitação neste sentido e que lutem pela aprovação do Projeto de Emenda Constitucional, que tramita no legislativo gaúcho, que garante a água como bem público, essencial a vida e não passível de exploração mercantil. A Resolução aprovada no dia 3 de outubro vem reforçar posicionamento do partido afirmado em documento de 26 de fevereiro pelo Diretório Estadual.
Leia Resolução na íntegra

Resolução da Executiva Estadual em Defesa da Água Pública

Em reunião ordinária realizada no dia 03 de outubro, a Comissão Executiva Estadual do PT/RS debateu o tema da privatização da água e, por unanimidade, deliberou por:

1) Reafirmar a resolução aprovada em reunião do Diretório Estadual no dia 26 de fevereiro:
“O Diretório Estadual do PT/RS referenda posição da sua Executiva Estadual contrária a qualquer processo que leve à privatização dos serviços de saneamento – Água e Esgoto – nos municípios gaúchos.”

2) Reconhecer o esforço da Secretaria de Habitação e da Corsan que, nesse período, concluiu com êxito a negociação com dezenas de municípios.

3) Ressaltar a atuação exemplar dos governos onde o PT é prefeito(a) ou vice, como são os casos de Bento Gonçalves, Alegrete, Erechim, Gravataí, Santa Rosa, entre outros, que tão bem conduziram o processo de negociação e assinatura de contrato com a Corsan, defendendo, em primeiro lugar, o interesse público.

4) Determinar ao conjunto de filiados(as) o cumprimento da resolução do Diretório Estadual:
“Os(as) filiados(as) do PT devem, nos municípios, chamar os Partidos que compõem a coalizão do Governo do Estado para este compromisso público, sendo inadmissível a participação de filiados(as) do PT na defesa de processos de privatização da água.”

5) Colocar na pauta do próximo Diretório Estadual o debate sobre a permanência do PT em governos municipais que tenham aberto licitação para privatização da água.

6) Orientar os(as) vereadores(as) do PT a apresentarem, nas Câmaras Municipais, Projeto de Emenda à Lei Orgânica vedando a abertura de licitação para exploração dos serviços de saneamento.

7) Realizar todos os esforços para que o governo e as bancadas que o sustentam na ALRS consigam aprovar o Projeto de Emenda Constitucional, em tramitação no legislativo gaúcho, que garante a água como um bem público, essencial à vida e não passível de exploração mercantil.

Porto Alegre, 03 de Outubro de 2011

Eliane Silveira- Secretária Geral
Raul Pont – Presidente

6 de outubro de 2011

AGROINDÚSTRIA FAMILIAR GANHA ESPAÇO COM PL 66/2011 DO DEP. EDGAR PRETTO

05/10/2011 | 10:31

Projeto de Lei 66/2011 de Edegar Pretto será votado no dia 11

http://www.ptsul.com.br/
Foto:

Edegar Pretto


No próximo dia 11 de outubro, às 14h, o Projeto de Lei 66/2011, de autoria do deputado Edegar Pretto (PT), será votado no plenário da Assembleia Legislativa. O projeto, que dispõe sobre o Sistema Unificado Estadual e Sanidade Agroindustrial Familiar, Artesanal e de Pequeno Porte (SUSAF-RS), passou por um amplo debate com a sociedade e setores ligados à agricultura familiar e recebeu apoio de diversas entidades e instituições. O entendimento é que o Projeto de Lei permitirá a geração de renda, condições para produção e a inclusão dos pequenos agricultores na economia do estado. Conforme dados do IBGE, existem aproximadamente oito mil agroindústrias no Rio Grande do Sul, destas, pouco mais de 500 possuem inspeção sanitária em dia.

Este é um dos mais importantes projetos apresentados e discutidos no parlamento gaúcho este ano. O mérito deste projeto está no fato de ser um dos instrumentos que buscam viabilizar a pequena propriedade rural e produção familiar. É necessário atender a sociedade gaúcha com uma alimentação de maior qualidade, gerando renda , promovendo a cidadania e avançando em direção ao atendimento do mínimo previsto em lei (30%) para fornecimento de produtos para merenda escolar. Havia um apelo social da pequena agricultura, da agroindústria familiar e das famílias camponesas, pois a população rural precisa permanecer no meio rural com qualidade de vida para se manter e produzir alimentos.

CCJ aprova projeto de Sanidade Agroindustrial

A Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa aprovou, por unanimidade, o parecer ao Projeto de Lei 66/2011, de autoria do deputado Edegar Pretto (PT). O projeto institui o Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar, Artesanal e de Pequeno Porte (Susaf-RS). A proposta do sistema é desburocratizar os serviços de inspeção e fiscalização sanitária no âmbito do Estado. O objetivo é ampliar as possibilidades de comercialização dos produtos da agricultura familiar.
- Foi mais um passo importante. A aprovação por unanimidade na Comissão é a prova de que o PL 66/2011 está tecnicamente bem elaborado. O entendimento da Assembleia Legislativa é de que precisamos no RS um novo momento da agricultura familiar – destaca Pretto.
Atualmente, cerca de 95% das agroindústrias familiares gaúchas têm autorização legal para comercializar apenas dentro de seu município. Elas já têm a liberação do Sistema de Inspeção Municipal (SIM), mas não possuem a autorização da Coordenadoria de Inspeção Industrial e Sanitária dos Produtos de Origem Animal (Cispoa), do governo estadual, o que os impede de comercializar nos demais municípios do estado.
Na prática, segundo o parlamentar, o SIM já funciona bem nos municípios, e a proposta defendida pelos deputados é que os sistemas municipais possam credenciar as agroindústrias familiares para que vendam seus produtos em qualquer município gaúcho. Conforme dados do Departamento da Agroindústria Familiar da Secretaria de Desenvolvimento Rural, existem mais de 7 mil agroindústrias familiares informais no Estado. O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), informa que, em 2009, 4.440 Agroindústrias Familiares, formal ou informal, declararam atividade com renda no Rio Grande do Sul. A estimativa de rendimento está em cerca de R$ 50 milhões. O PL 66/2011 contribuirá com aumento desse trabalho e essa renda.
No entendimento do deputado, o projeto deverá ser apreciado no plenário da Assembleia Legislativa ainda no primeiro semestre deste ano, ou antes ou após o recesso legislativo que ocorre entre os dias 16 a 31 de julho.

30 de setembro de 2011

TARIFA SOCIAL DE ENERGIA ELÉTRICA

Prazo para manter tarifa social para quem consome de 30 kWh até 40 kwh acaba em 1º/10
23/09/2011
Os consumidores de baixa renda com consumo maior que 30 quilowatts/hora (kWh) e menor que 40 kWh têm até o dia (1º/10) para se inscrever no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) e, assim, garantir a manutenção do recebimento dos descontos previstos na Tarifa Social de Energia Elétrica (TSEE). Após a inscrição, o consumidor deve procurar sua distribuidora de energia elétrica para comprovar o cadastramento e continuar a ter direito às tarifas diferenciadas.
 
Confira abaixo o cronograma de término do benefício para os que não se enquadram nos novos critérios ou se enquadram, mas não estão no CadÚnico.
Qualquer consumidor de baixa renda que atenda aos requisitos para usufruir da tarifa social de energia deve procurar a gestão do programa Bolsa Família na prefeitura de sua cidade. Mais informações sobre esse processo podem ser obtidas na página eletrônica do MDS. Após o cadastramento, é preciso procurar a distribuidora para comprovar o cadastramento. (GL/DB/FA)

23 de setembro de 2011

PALESTINA : A CONQUISTA DO ESTADO




Com orgulho e alegria, palestinos celebram dia da dignidade

O orgulho e a emoção brotavam dos milhares de palestinos reunidos em Ramallah. “Este é o dia mais feliz da minha vida”, dizia um membro da Autoridade Palestina. Há muitos anos que não se via palestinos tão felizes e cheios de orgulho, fazendo corpo com seu presidente. Não temos ilusões. “Sabemos que isso é só um começo, um passo curto em uma história muito longa, mas não é um passo vazio, não é um passo violento, é um passo que nos legitima, que nos faz visíveis aos olhos do mundo".

>>VEJA ÁLBUM DE FOTOS>>

http://www.cartamaior.com.br/

Às vezes a história atravessa as entranhas, é música, cor, bandeiras, cantos e o poema de Mahmud Darwich que o locutor da praça Al-Manara vai recitando enquanto a multidão palestina que veio escutar Mahmud Abbas apresentar, perante a ONU, o pedido de reconhecimento do Estado Palestino, celebra essas palavras feitas de amor e alento: “eu nasci aqui e meu sonho é morrer aqui”. Os cantos e a alegria se fizeram mais potentes quando os homens do palanque foram dizendo, um após outro, os nomes dos países que apoiam o Estado Palestino.

Antes, os organizadores da concentração organizada na praça central de Ramallah tinham destacado as frases mais significativas pronunciadas pelos líderes mundiais nas Nações Unidas. A da presidenta argentina dizia: “com a Palestina como Estado 194 da ONU o mundo será mais seguro e mais justo”. A Autoridade Palestina quis evitar os distúrbios, mas os jovens foram mesmo assim para as imediações do check-point de Kalandia jogar pedras nos soldados , que respondiam do lado de dentro do muro. Cenas repetidas, desproporcionais, na história destes dois povos: jovens com bodoques e pedras, soldados treinados e com armas modernas.

A sexta-feira começou com proibições. Pela rua central de Jerusalém, Jaffa Street, um grupo de israelenses manifestava-se livremente de bicicletas contra a circulação de automóveis. 600 metros abaixo, os árabes tinham restringida a passagem ao núcleo mais denso da Cidade Velha, a Esplanada das Mesquitas. Israel deslocou cerca de 22 mil homens para garantir a segurança. Entre a porta de Herodes e a de Damasco, do mesmo modo que nos outros acessos à Cidade Velha, os palestinos homens menores de 50 anos tinham a entrada proibida. “Eles controlam meu destino e minha liberdade quando tem vontade”, dizia com raiva Hamad, um habitante de Jerusalém Oriental. “Mas não importa”, acrescentou, “ninguém nos tirará o orgulho de viver esse dia”.

O orgulho e a emoção brotavam dos milhares de palestinos reunidos em Ramallah. “Este é o dia mais feliz da minha vida”, dizia um membro da Autoridade Palestina. Há muitos anos que não se via palestinos tão felizes e cheios de orgulho, fazendo corpo com seu presidente. Não temos ilusões. “Sabemos que isso é só um começo, um passo curto em uma história muito longa, mas não é um passo vazio, não é um passo violento, é um passo que nos legitima, que nos faz visíveis aos olhos do mundo, um passo que veio desde cima para dar dignidade a nós, os de baixo”, dizia Nabil, outro palestino da Praça Al Manara. Olhos cheios de lágrimas, negros, profundos, olhos que esqueceram em um instante as humilhações sofridas. Tinha vindo com as chaves da casa na qual viviam seus avós, expulsos de suas terras pela ocupação israelense. Só lhe tinha sobrado isso, mas saltava como uma criança com as chaves na mão.

O governo de Benjamin Netanyahu fez previsões dramáticas. Antecipou mortos, brigas populares, piquetes, levantes e distúrbios que, em grande medida, não ocorreram. “Este é o dia da verdade e não o dia da violência”, repetiam os dirigentes da Autoridade Palestina. O Executivo israelense insistiu nesse discurso: os palestinos sempre foram, são e serão uma ameaça para a segurança de Israel. Não ocorreu o esperado. A Autoridade Palestina também se meteu no jogo e agiu para aplacar os excessos. Era um dia de dignidade e não para a morte. Mas houve uma: Issam Kamal Odeh, um palestino de 35 anos que protestava com um grupo de 400 pessoas na localidade de Qusra, ao norte dos territórios, em Naplusa. Os colonos da zona provocaram o enfrentamento. Montaram uma contra-manifestação para defender a propriedade desse território. Palestinos e colonos se enfrentaram a pedradas. O exército israelense abriu fogo e Issam Kamal Odeh caiu nessa refrega.

O oficialismo evidente dos festejos de Al Manata, praça rebatizada Praça Arafat, não mascarou a autenticidade das expressões de alegria. O chamado “dia da verdade” foi paradoxal. As pessoas terminaram gritando o nome de seu presidente, Mahmud Abbas, mas este dirigente seco, sem encantos nem muito carisma, também arrasta um déficit de legitimidade democrática substancial. Ontem subiu ao céu do reconhecimento. Os palestinos gritaram seu nome, junto ao nome de Arafat. Façanha de um instante que ainda não garante o caminho da paz, nem tampouco o duro trabalho da reconciliação palestina entre as lideranças da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, controlada pelos fundamentalistas do Hamas. O Hamas se opõe a tudo, começando pelo pedido de reconhecimento do Estado Palestino na ONU e terminando pela própria existência de Israel.

O Hamas quase não existe na Cisjordânia. A polícia secreta palestina segue-os de perto, não os deixa falar nem existir. Mahmud Abbas e o primeiro ministro de Gaza, Ismail Haniyé, estão separados por um abismo, que não é só político, mas também territorial: Gaza fica do lado oposto ao da Cisjordânia. Há duas palestinas que precisam ser unidas.

Mas a ilusão de uma terra reconhecida, o espaço que o tema palestino ocupou rapidamente na comunidade internacional, a maioria esmagadora de países que apoia o Estado Palestino, tudo isso deixou uma sensação de novo amanhecer, de perspectiva tangível. Orgulho e alegria sem enganos, alegria lúcida, como as palavras de Mahmud Anhel, um comerciante palestino de 50 anos que saltava e cantava com sua mulher e seus filhos na Praça Arafat: “o que mais podemos fazer, tínhamos o futuro bloqueado e agora surgiu isso, quase nossa única solução. É emocionante e importante. Admito e admitimos que talvez o fracasso nos aguarde, mas isso é novo como a água fresca, novo e diferente”.

Qais Abu, outro palestino da praça, mais jovem e combativo, dizia, com uma bandeira palestina na mão e um retrato de Mahmud Abbas na outra: “sabe que o mundo se deu conta de coisa com essa história da ONU. Todos falam e falam de Nova York da liberdade, liberdade daqui, liberdade de lá, mas o único povo que não a tem é o nosso porque vivemos sob ocupação. Se isso ficar claro teremos ganho um século de reconhecimento sem disparar um só tiro”.

Já é tarde, Agora, Jerusalém oriental também festeja, atravessando a meia noite. Carros com frondosas bandeiras palestinas circulam pela cidade, na artéria que circunda a Cidade Velha. O mesmo grito se repete a cada automóvel, como um eco ressoando no coração da noite de Jerusalém Oriental: “Palestina Livre”. Um sonho. Uma esperança. Uma condição para, enfim, viver em paz.

Tradução: Katarina Peixoto


Fotos: Eduardo Febbro

É FEIA. MAS É UMA FLOR?

Médicos Residentes de SP: Defensores do SUS terão de ir às ruas por mais verbas
Qui, 22 de Setembro de 2011 10:05



É feia. Mas é uma flor?

Regulamentação da EC29 aprovada na Câmara reduz os recursos da saúde e desafia os militantes do SUS e a #PrimaveradaSaúde a uma reação firme e objetiva.

por Paulo Navarro Moraes

Após 11 anos de peregrinação, incluindo um estágio recente de quase 3 anos em uma gaveta, a Câmara Federal finalmente aprovou, com ares de comemoração, sua versão da regulamentação da Emenda Constitucional 29. O texto aprovado na Câmara tem o mérito de definir o que pode ser incluído como despesa em Saúde, mas não muda nada naquilo que era mais aguardado pelos defensores de um sistema público universal: a parcela que cabe à União do financiamento do SUS segue sendo o piso do ano anterior acrescido da variação nominal do PIB.

E o que parece mais surreal: ao excluir os recursos do FUNDEB das bases de cálculo estaduais e excluir a base de cálculo da Contribuição Social para a Saúde (CSS) – tornando-a inócua – a  proposta aprovada na Câmara presenteia o Sistema Único de Saúde com uma redução de cerca de R$ 7 bilhões anuais, na semana em que o SUS completou 21 anos. O projeto segue para apreciação do Senado onde, espera-se, seja corrigida essa aberração.

Ao reduzir o orçamento global do SUS, a proposta aprovada na Câmara vem desafiar os militantes do SUS e o movimento #PrimaveradaSaúde a uma reação firme e objetiva. Em primeiro lugar, é preciso se ter clareza sobre qual proposta de regulamentação estamos defendendo, indo além da bandeira de “mais recursos para a saúde”. Além de definir o que pode ser considerado despesa com Saúde, ela deve:

1)      Garantir a responsabilização tri-partite pelo financiamento;

2)      Garantir a transparência e o controle social efetivo sobre a utilização dos recursos; e

3) Garantir um piso mínimo de 10% da Receita Corrente Bruta da União vinculados ao orçamento do Ministério da Saúde.

Tendo clareza de que esta é a regulamentação que interessa ao SUS e ao Povo Brasileiro, é fundamental que o movimento, da maneira mais transparente possível, construa as bases políticas que permitam sua aprovação e efetivação. Para isso, é imprescindível manter um vínculo concreto com a realidade e com a correlação de forças políticas que existem no Brasil de hoje. E saber construir um vigoroso movimento na sociedade, um movimento que consiga fazer o diálogo, que aproxime as forças políticas que defendem a saúde pública, superando outras divergências no sentido de construir uma mudança nessa correlação de forças – que hoje favorece claramente os interesses dos grandes grupos econômicos.

Fazendo uma análise de conjuntura grosseira, não é difícil concluir que, apesar dos nossos anseios e da justeza da reivindicação, é absolutamente improvável uma virada brusca na política macro-econômica, que se faça uma ruptura com o capital financeiro de forma a cortar drasticamente o montante de recursos destinados ao pagamento da dívida pública, pondo em risco a tão propalada  estabilidade e a segurança do mercado em prol de políticas públicas promotoras de cidadania. Uma virada desta natureza, na minha humilde avaliação, ainda requer uma mudança no patamar de conscientização da Sociedade Brasileira que determine uma alteração na correlação de forças que, infelizmente, ainda não está na ordem do dia.

O movimento terá que fazer, ao meu ver, uma escolha, consciente e às claras: trata-se de fincar bandeiras e demarcar campo apenas, ou trata-se também de, objetivamente, alcançar conquistas concretas para a população no campo da saúde? Faço sem quaisquer pudores a segunda opção, por entender que a conquista de direitos e da cidadania é o caminho mais eficaz para a conscientização que ainda se faz necessária para se construir uma nova hegemonia na Sociedade Brasileira.

Se o movimento fizer essa escolha, não resta muito o que discutir: será preciso encontrar novas fontes de recursos para viabilizar a aprovação de uma regulamentação que, se não resolve a questão do subfinanciamento, como bem disse o Prof. Nelson Rodrigues dos Santos (o Nelsão) na comemoração do aniversário do SUS, ao menos recoloca o barco no rumo certo. O que é uma vitória no contexto atual.

Existem no momento diversas ideias para se conseguir esses novos recursos: sobretaxação de produtos reconhecidamente nocivos à saúde, como cigarros, bebidas alcóolicas e agrotóxicos; aumento de taxas para proprietários de motos e veículos via DPVAT; fim da incidência da Desvinculação das Receitas da União (DRU) sobre os recursos da saúde – como já ocorre na educação; taxação de Grandes Fortunas; fim da renúncia fiscal para planos de saúde e indústria de medicamentos (que somam mais de 12 bilhões de reais por ano!), entre outras propostas.

E existe, concretamente, a proposta de criação da Contribuição Social para a Saúde (CSS), que foi desfigurada na votação da Câmara. Trata-se, do meu ponto de vista, de uma tributação progressiva,  que vai incidir apenas sobre pequena parcela da sociedade, tendo impacto praticamente nulo para a inflação e para a maioria da classe trabalhadora do Brasil. A proposta de alíquota de 0,1%, que não incidirá sobre aposentadorias, pensões e salários de trabalhadores registrados até o valor de R$ 3.700 mensais (isentando mais de 95% dos assalariados), com todo o recurso arrecadado indo necessária e exclusivamente para o Fundo Nacional de Saúde, ainda agrega a vantagem adicional de auxiliar o combate à sonegação e à corrupção, por facilitar o rastreamento das transações do mercado financeiro.

Talvez venha daí a grande resistência à CSS por parte da grande mídia empresarial, que historicamente representa os interesses dos grande grupos do capital, e que acaba influenciando parcela significativa da opinião pública. Por outro lado, segundo esses mesmos meios de comunicação, o governo e o PT teriam simpatia pela proposta. Se for verdade, é preciso que a #PrimaveradaSaúde e a esquerda brasileira tenham a sensibilidade de apoiar o governo em um raro momento, ainda pontual, em que se propõe a contrariar os interesses do capital. E buscar avançar na limitação da dedução dos gastos com saúde no Imposto de Renda e outras alternativas que somem o montante necessário, sem onerar a classe trabalhadora e os pobres do Brasil.

A regulamentação que foi aprovada, lembrando Drummond, é feia. Mas é uma flor? Não.Vai caber à #PrimaveradaSaúde buscar uma alternativa que a transforme numa flor que “fure o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio”. Que floresça e faça sentido melhorando a vida das pessoas, garantindo cidadania em sentido lato. Que pode até ser feia – ninguém gosta de defender novos tributos – mas que seja uma flor.

Conquistar a regulamentação que aqui defendemos, com pelo menos 10% da receita corrente bruta da União vinculada à Saúde, terá um preço. Cabe a nós lutar para que este preço seja pago pela parcela mais rica da população, reduzindo um pouco a brutal concentração de renda com que convive a Sociedade Brasileira. Ou então ver o triste fim de uma das principais bandeiras da Reforma Sanitária e de quem luta pela Saúde do Povo Brasileiro.

É feia. Mas é uma flor!
Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.
(Carlos Drummond de Andrade)


Paulo Navarro de Moraes é médico residente em Medicina Preventiva e Social da Unicamp, presidente da Associação dos Médicos Residentes do Estado de São Paulo (Ameresp) e diretor ad-hoc do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes).