29 de março de 2012

PADARIA COMUNITÁRIA E DEMANDA REPRIMIDA

A Padaria Comunitária é um embrião de indústria do ramo da alimentação. Será destinada a um grupo de mulheres em fase de organizaação, dentro dos princípios da Economia Popular Solidária.Na minha visão, e expectativa, é o começo de um processo que deverá ser aperfeiçoado até se transformar em um empreendimento permanente.
 
O processo de trabalho coletivo, despertando a solidariedade entre as protagonistas desse evento, sua capacitação profissional, sua capacitação para a gestão coletiva, para a autogestão serão fatores indispensáveis para um processo de amadurecimento e construção de sua autonomia. Estes serão passos necessários imediatos para sedimentar o empreendimento e criar as condições para sua continuidade. Em pouco tempo essas companheiras estarão aptas a tocar sozimhas sua organização, prodizindo alimentos de qualidade para a Comunidade e obtendo, daí, a renda necessária para uma vida digna.
 
Outras sete organizações estão em gestação: a Cooperativa a Uniãoo Faz a Força, no Seival também, cujo objetivo será produzir artefatos tendo como insumo básico a cinza da Usina da CGTEE; a Associação Amigos da Natgureza para o trabalho de coleta, separação e destinação dos resíduos sólidos; a Associação de Mulheres Camponesas Terra, Luta e Libertação, no Assentamento Conquista dos Cerros, para a qual já está destinada uma Cozinha Comunitária, que tem a mesma origem da padaria, para a transformação dos produtos da agricultura familiar assentada em alimentos e artesanato; a Associação de Mulheres Rumo ao Futuro, no Assentamento Marmeleiro III; a Associação de Mulheres Unidas Venceremos no Assentamento Vinte de Agosto; a Associação de Mulheres Arte e Cultura no Espaço Rural, no Assentamento Vinte e Dois de Dezembro e a Associação de Mulheres Rurais ( o nome está ainda incompleto) no Assentamento Conquista da Madrugada. Embora eu tenha citado apenas o assentamento em qye cada organização se localiza, estas associações são constituídas por mulheres de diversos assentamentos. 
 
Todas estas organizações representam uma demanda reprimida de força produtiva segregada e excluída. A organização em associações representa o primeiro passo na direção de constituí-las em empreendimentos produtivos, agroindústrias transformadoras de profutos da agricultura familiar, dentro da filosofia dos Arranjos Produtivos Locais, para os quais há programaas nos governos federal e estadual.
 
Como disse antes, este é o primeiro passo e, certamente, o mais fácil. Doravante é necessário ter a coragem de perseguir os demais. Coragem, compromisso e determinação para consolidar empreendimentos que poderão gerar traabalho e renda para dezenas de pessoas, empecialmente mulheres, que tem mais dificuldades de conseguir trabalho em Candiota. São quase 150 pessoas envolvidas, na quase totalidade mulheres.
 
Este processo aponta para o " desenvolvimento endógeno" ou seja a valorização do Ser Humano local, da matéria prima local para fugir daquele outro processo que significa ficar esperando por empresários  de fora, que, quando concordam em vir para cá, fazem, via de regra, enormes exigências, com raras excessões. e a mão-de-obra local que é absorvida por eles, na sua maioria, é mal remunerada. 
 
Neste processo tenho trabalhado com as parceerias da Secretária Rejane Bom, da Assessora da Secretaria de Ação Social Onice Pereira e o apoio militante do Prefeito Folador.
Fumo matará 1 bilhão de pessoas até o fim do século
Jornal do Comércio - 27.03.12 - Espaço Vital Marco Antônio Birnfeld - http://jcrs.uol.com.br

Um bilhão de pessoas vão morrer por uso e exposição ao fumo até o final deste século.
A previsão é da Fundação Mundial do Pulmão e da Sociedade Americana do Câncer. O número é equivalente a uma morte a cada seis segundos. Na última década, as mortes pelo uso de tabaco triplicaram, chegando a 50 milhões. Somente em 2011, 6 milhões de pessoas morreram, sendo 80% delas em países pobres e em desenvolvimento.

De acordo com a fundação, o cigarro e outros derivados de tabaco são responsáveis por 15% das mortes de homens em todo o mundo e 7% entre as mulheres. As projeções se baseiam no fato de que estudos indicam que o organismo de quem fuma continuadamente fica mais propenso a desenvolver doenças como câncer, ataques cardíacos, diabetes, doenças respiratórias crônicas, dentre outras.
A China é o país onde há mais vítimas do fumo. A cada ano, 1,2 milhão de pessoas morrem em decorrência do uso do tabaco. Esse número deve saltar para 3,5 milhões até 2030.

 
Conforme o relatório, “a indústria do tabaco tem trabalhado em todas as partes do mundo para postergar ou abolir a adoção de medidas contra o hábito de fumar, como propagandas de advertência, leis de restrição ao consumo e introduzindo no mercado produtos ditos de baixo teor”.

 
Combatida pela sociedade, a indústria do fumo brasileira não tem do que reclamar em relação ao Judiciário daqui. Este mês, teve sentença de improcedência a 500ª ação proposta por um ex-fumante, em busca de indenização por danos atribuídos ao consumo de cigarros. Exemplificando, a Souza Cruz, desde 1995, respondeu a 637 ações judiciais sobre o tema. Das que têm trânsito em julgado, 500 foram favoráveis à companhia. A empresa perdeu apenas sete, das quais recorreu aos tribunais superiores onde aguardam novos julgamentos
Estado anuncia liberação de recursos para a instalação de Padaria Comunitária em Candiota

A assessoria de imprensa da Secretaria Estadual do Trabalho e do Desenvolvimento Social anunciou, na quinta-feira, dia 29, a liberação do repasse dos recursos de um convênio firmado com a Prefeitura de Candiota para a implantação de uma Padaria Comunitária no município. O valor do projeto, de convênio nº 2448/2011, é de R$ 30 mil.

A proposta foi elaborada e encaminhada ao Estado pela Secretaria Municipal de Ação Social, Trabalho e Renda, e contou com articulação do vereador João Couto junto ao órgão estadual. Conforme explica a titular da pasta, Hilda Rejane Bom, a Padaria será implantada na localidade de Seival, na zona rural, junto às dependências da sede do Clube de Mães Nossa Senhora Conquistadora. “Este projeto prevê o desenvolvimento de ações que visam fortalecer, qualificar, capacitar, oportunizar e beneficiar famílias em situação de vulnerabilidade social”, detalhou. O convênio tem duração prevista de um ano e será destinado para famílias de baixa renda.

De acordo com o secretário estadual Luis Augusto Lara, os recursos serão fundamentais, uma vez que irão “incentivar o desenvolvimento social, a segurança alimentar, o empreendedorismo, bem como a geração de trabalho e renda do público que será beneficiado”.
País avança na meta de reciclagem de resíduos sólidos
MARCELLO CASAL JR/ABR/JC  http://jcrs.uol.com.br de 29.03.12
Prevista para implantação até 2015 política que acaba com lixões que dominam arredores de cidades
Prevista para implantação até 2015 política que acaba com lixões que dominam arredores de cidades
 
A implantação da logística reversa em todo o País deverá ocorrer no máximo em 2015, estima o secretário de Recursos Hídricos  e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente, Nabil Bonduki. Parte fundamental da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), ela prevê o retorno para a indústria de materiais como eletroeletrônicos e pneus, para que possam ser novamente aproveitados pelo fabricante. Para isso, requer o envolvimento de todos na linha de produção e distribuição: fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes e o próprio consumidor, responsável pela devolução do produto aos postos de coleta.

 
A PNRS, aprovada em 2010, estabeleceu prazo até 2014 para a implantação da logística reversa e de outros pontos relativos à reciclagem e reutilização de resíduos sólidos, como o fim dos lixões. “E olha que estamos bem adiantados, se comparados a alguns países europeus”, disse o secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente, fazendo referência à Alemanha, que iniciou a implantação da logística reversa há quatro décadas. “E eles até hoje só conseguem recolher 50% das lâmpadas usadas”, exemplifica Bonduki.

 
Para a professora e pesquisadora do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (UnB) Izabel Zaneti, o prazo para a implementação no Brasil é mais do que adequado. “A Política de Resíduos Sólidos levou mais de 20 anos para ser votada. É preciso tempo para que as indústrias possam se adaptar a isso.” Para ela, com as novas regras, haverá uma mudança de ação por parte das indústrias, que passarão a usar tecnologias mais limpas, mudando embalagens e metais usados na produção, para facilitar a reutilização. “É um momento importante para se repensar os produtos”, disse.

 
Inicialmente, o processo de implantação da logística reversa engloba o recolhimento de resíduos e embalagens de agrotóxicos; pilhas e baterias; pneus; óleos lubrificantes; lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; e produtos eletroeletrônicos e seus componentes.

 
Cada produto está em uma fase de implantação diferente. No caso dos agrotóxicos, há campanhas de recolhimento de embalagens nos postos de venda. Os óleos lubrificantes já contam com uma política de recolhimento em algumas partes da região Sul do País. As regras para o recolhimento de lâmpadas têm proposta de edital pronta, que depende de aprovação do Ministério do Meio Ambiente. Os produtos com a logística reversa mais atrasada são os eletroeletrônicos, que ainda não têm edital concluído. “A coisa é complexa, pode levar um certo tempo para se concretizar. E vai precisar de muita educação ambiental e obrigação social”, disse Bonduki.

O secretário destaca a importância da participação do consumidor, que será fundamental em todo o processo. “É preciso a conscientização das pessoas para entregar o produto, ter a infraestrutura apta a recebê-lo e uma logística para recolher e levá-lo para o destino final e uma estrutura de reciclagem desses produtos”, ressalta. A lei prevê punição para os envolvidos na cadeia produtiva que não colaborarem com a nova política, assim que ela estiver totalmente implantada no País. As penalidades vão da cobrança de multa até o processo com base na Lei de Crimes Ambientais.

Para especialista, o plano de recolhimento de materiais reaproveitáveis  corre risco com distorções de normas

O sucesso da logística reversa no Brasil que, de acordo com a PNRS, deve estar implantada até 2015, pode esbarrar nas distorções das normas, segundo  o economista Sabetai Calderoni, que preside o Instituto Brasil Ambiente e o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável. O especialista alerta para pontos que definiu como equivocados, como o tratamento previsto para pilhas, baterias e material eletrônico.

Neste caso, segundo Calderoni, a política determina que a indústria recicle 100% do material utilizado. Uma meta, na avaliação dele, difícil de ser monitorada. “Ninguém vai controlar quanto o consumidor mandou para o comércio e quanto o comércio mandou para a indústria. É uma falsa meta. É uma forma de burlar a intenção da lei”, diz.
Para Calderoni, no entanto, a determinação de procedimentos sobre pneus é um exemplo. Pela proposta, a indústria teria que reciclar 5 pneus, a cada 4 que produzir. “Ou seja, vai reciclar os quatro que produziu e mais um que estava no estoque, acumulado por um período anterior à existência da lei”, diz o economista.

 
Ele acredita que a resposta dos consumidores a estímulos econômicos pode ajudar. A ideia é reproduzir incentivos como o praticado no caso de garrafas de bebidas. “Se eu disser que uma pilha nova fica mais barata, se você levar e entregar a pilha velha, as pessoas vão se interessar e não vão jogar fora. A mesma coisa com a lâmpada, o computador, celular e as baterias em geral. E não precisa custar mais caro para a indústria, que pode aumentar o preço um pouco para quem não faz a entrega”, explicou.

 
Pelas contas de Calderoni, o custo não aumenta nem com o transporte do material velho, já que as fábricas podem usar o mesmo veículo que leva a mercadoria para o comércio para recolher o produto descartado. A reciclagem exige um investimento em processamento do material, mas, segundo o economista, esse custo seria compensado com a energia ou com a matéria-prima que essa reciclagem pode trazer para os fabricantes. “‘Se no final da conta (o fabricante) tiver prejuízo, é responsabilidade de quem produziu. Ele tem que começar a fazer a conta. O produtor não pode privatizar lucros e socializar perdas para o meio ambiente e para as pessoas e não arcar com os custos disso.”

PPPs podem tornar as centrais de separação mais lucrativas

O modelo das Parcerias PúblicoPrivadas (PPPs) pode viabilizar a reciclagem de lixo no País, diminuindo gastos para as prefeituras e gerando oportunidades para empresas. Pela sistemática, o modelo de centrais de reciclagem poderia ser implantado na maior parte do País até 2014. O prazo é o mesmo estipulado pela Política Nacional de Resíduos Sólidos para o fim dos lixões.

 
Com as PPPs, as prefeituras cederiam apenas o terreno próximo às cidades, onde os resíduos seriam tratados. As centrais seriam montadas e administradas pela iniciativa privada. “Você não vai eliminar totalmente os custos, mas vai criar uma sistemática de aproveitamento desses materiais e gerar receita, empregos, benefícios para a saúde pública e o meio ambiente. Se o governo não consegue se organizar para isso, transfira a questão para o setor privado, se desonere e crie vantagens para todos”, diz Sabetai Calderoni.

 
A proposta é tratar todo o resíduo em até 24 horas, sem a necessidade de grande distância dos centros, já que não há exposição da população aos riscos à saúde. “Você economiza cerca de 90% com transporte, evita poluição com tráfego e acidentes, e ainda não paga para alguém receber em aterros. Além disso usa uma área pequena”, diz Calderoni,

Lixões ou aterros controlados são destino de 70% dos rejeitos

Cerca de 70% do lixo produzido no País acaba em lixões ou em aterros controlados, chamados de lixões melhorados por serem áreas que dispensam a coleta e o tratamento do chorume. Apenas 27,7% das cidades brasileiras dispõem de aterros sanitários, segundo dados do Ministério das Cidades. Os aterros sanitários, se feitos de acordo com regras ambientais, evitam a contaminação do solo e de lençóis freáticos por resíduos do lixo. A meta do governo, dentro da PNRS, é acabar com os lixões em todo o País até 2014, além de investir em cooperativas de catadores e em parcerias para aumentar a coleta seletiva e a destinação adequada do lixo não reciclável.

 
A preocupação atual, segundo o especialista em resíduos sólidos do Ministério da Cidades Sérgio Cotrim, é evitar os erros do passado, quando os municípios investiam na instalação de aterros ou usinas de reciclagem, mas não na manutenção dessas áreas. “Os aterros viraram lixões e as usinas viraram sucata. Temos lugares em que nenhum quilo de resíduo foi processado”, diz ele.

 
Para Cotrim, a solução deve ser regionalizada, com serviços de gestão organizada por consórcios públicos. “Temos recursos e queremos investir, mas o investimento será criterioso. Queremos a garantia de que o dinheiro vai ser bem aplicado.” O especialista diz que o Ministério das Cidades só vai analisar as propostas dos estados ou aquelas feitas por consórcios ou grupos de municípios. “Queremos trabalhar com grupos de municípios, estados, microrregiões e consórcios.”

 
A Política Nacional de Resíduos Sólidos determina que a gestão dos resíduos deixe de ser voluntária e passe a ser obrigatória, prevendo a não geração, a redução, a reutilização, a reciclagem e o tratamento. A lei prevê ainda a adoção da logística reversa, por meio de ações para coletar os resíduos sólidos e devolvê-los às indústrias. Inicialmente, a logística reversa engloba o recolhimento de resíduos e embalagens de agrotóxicos; pilhas e baterias; pneus; óleos lubrificantes; lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; e produtos eletroeletrônicos e seus componentes.

23 de março de 2012

Roberto Amaral

Capitalismo sem capitalistas

http://www.cartacapital.com.br 14/03/2012

Não sei se o mais adequado é falar de ‘desindustrialização’ ou em retorno ao primarismo’. O fato é que somos cada vez mais produtores de matérias-primas e de suas exportações dependentes para salvar a balança comercial. Dependência perigosa do ponto de vista estratégico, se pensarmos no futuro do país. E ainda mais perigosa se pensarmos no curto prazo, pois a tendência mundial, alimentada pela crise global do capitalismo é, com a queda geral da demanda, a inevitável queda dos preços das commodities (consultores de mercado internacional estimam em 10% a queda dos preços da soja, da carne, do açúcar e do café nas bolsas de mercadorias).

 Quando um país reconhece que está em recessão (Itália e Espanha), ou, como a China de nossos dias, anuncia que vai controlar (leia-se reduzir) seu nível de crescimento (que dos fogosos 10% de tantos anos agora é projetado em 7,5%), ele está dizendo que vai comprar menos insumos. O  outro lado da moeda é o que nos diz respeito, pois sua tradução é  que venderemos menos, e se venderemos menos, teremos menos receita.


Tudo isso ocorre quando as chamadas grandes economias (EUA, China e Alemanha à frente) aumentam o cardápio de suas medidas protecionistas, adotam políticas comerciais agressivas (de que são alvo os ‘emergentes’, isto é, nós) e o grande irmão do Norte inunda o mercado com dólares impressos sem lastro que deságuam nos países emergentes (de novo eles), agravando a crise cambial, caso específico brasileiro.

 Aqui, um real artificialmente sobrevalorizado estreita as margens de nossas exportações (de manufaturados, principalmente, mas também de commodities) e arromba as portas de nosso mercado interno para as importações de produtos industrializados, numa concorrência desleal com a produção nacional. Esta sofre com os juros altos, altíssimos (os maiores do mundo) ainda embora em queda, e com problemas estruturais que deitam raiz na origem no ciclo de desenvolvimento dos anos 1950, e do modelo de industrialização tardia adotado, apoiado na importação de fábricas de baixo emprego de tecnologia ou de tecnologia ultrapassada (o bom exemplo são sempre as montadoras e suas ‘carroças’).

Em outras palavras: o futuro imediato aponta para a associação dos preços mais baixos das commodities com as importações em patamar elevado, donde  um saldo comercial crescentemente estreito.

E não poderia ser diferente, pois nossas exportações de produtos primários superam as de manufaturados. No ano passado, informa Luiz Guilherme Gerbelli (OESP, 11/3/2012), “apenas seis grupos de produtos – minério de ferro, petróleo bruto, complexo de soja e carne, açúcar e café – representaram 47,1% do valor exportado. Em 2006, essa participação era de 28,4%”.

Mas, infelizmente, esta ainda não é a verdade toda. O Brasil é o maior exportador mundial de café em grão, e a Alemanha, que não produz um só grama, é o maior exportador mundial de café solúvel; a Itália, o maior exportador de máquinas de fabricação da bebida e criador de variadas formas de seu preparo. O Brasil exporta pedras preciosas para importá-las lapidadas. Paro nesses dois exemplos escolhidos ao acaso, pois a listagem seria interminável.

Na listagem de Gerbelli está o petróleo, mas o petróleo bruto! Essa esse despautério é uma das heranças do neoliberalismo e do fim de investimentos pela Petrobras no refino, política de lesa-pátria dos Fernandos só corrigida no governo Lula, com o atual programa de ampliação e construção de novas refinarias. Mas, qual a política para a era do Pré-sal? Ao contrário do que mais preocupa a imprensa ligeira e alguns governadores, a questão menos relevante é a distribuição dos royalties, em torno do qual tanto brigam. O essencial é saber se nos conformaremos em ser grandes exportadores de óleo bruto, como um Iraque, um Irã, uma ArábiaSaudita, uns Emirados Árabes. Qual será nossa política? Eis o que precisamos discutir já e com atraso.

A questão que aflige a produção brasileira de manufaturados, especialmente de bens de consumo, é menos de sobrecarga fiscal e mais de política industrial, que precisa ser concebida dentro de um projeto de retomada do planejamento público. Mais Ministério do Planejamento e menos Tesouro Nacional. Não conheceremos o crescimento (com bem-estar social) de que carecemos, nem ele será sustentável se, puxada a economia pelo Estado, não investirmos pelo menos 25% do PIB.

Queiram ou não os oráculos do neoliberalismo.

O industrial brasileiro, que jamais conheceu o pioneirismo (Mauá, o grande símbolo de empreendedorismo, era um dependente de concessões de serviços públicos e por isso mesmo atrelado à banca do Império), ora é um associado de multinacionais, ora um rentista do BNDES, o sócio capitalista de nossos capitalistas.  A regra é esta, quando se trata de empreendimento que exija alto emprego de capital, algum nível de risco ou lenta maturação, o erário entre com o capital e o empresário privado – isto é, o grande empresário – com o lucro. O orgulhoso agronegócio deve ao Banco nada menos de 13 bilhões de reais e muito mais do que isso à carteira agrícola do Banco do Brasil. Mantém uma custosa bancada de ‘deputados ruralistas’ para, além do lobby legítimo, impor à União, periodicamente, a anistia de suas dívidas. Como sempre: prejuízo socializado, lucro privatizado.

O grande problema do capitalismo brasileiro é exatamente este, a ausência de capitalistas, e o que nos salva é exatamente a existência de um Estado ainda indutor do desenvolvimento (em que pese a insistente cantilena das grandes empresas de comunicação de massa). No plano industrial, o pouco ou muito que tems inexistiria se não houvesse o BNDES; no plano agrícola, nossos empresários dependem da Embrapa(investimento do Estado em pesquisa) e da carteira agrícola do BB, que vive levando beiço de seus rentistas. No plano da tecnologia e da inovação nada teríamos logrado sem o MCT, o CNPq, a Finep e as agências estaduais de fomento, como a Fapesp.

Enquanto a necessidade não cria nossos capitalistas, cabe ao Estado, retomar com força seu papel desenvolvimentista controlar o câmbio, aumentar os mecanismos de proteção de nosso mercado, cujo bom sinal é a renegociação com o México do acordo de importação de veículos, aumentar os custos das importações (e para elas adotar critérios seletivos) e conservar a atual política de queda de juros. E, para maior irritação da direita impressa, acelerar o processo de distribuição de renda, que compreende o contínuo aumento dos salários em geral e do salário-mínimo de forma especial. 

 País rico é aquele que exporta os excedentes não absorvidos pelo consumo interno, que é tanto maior quanto mais justa seja a sociedade.
Eixo da Terra deslocado
http://www.revistareciclarja.com/
 Fonte: Sempretops


Após a etapa inicial de um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia (INGV) da Itália, o resultado preliminar indicou um deslocamento do eixo de rotação da Terra em 10 centímetros devido ao terremoto no Japão de magnitude 8,9 na escala Richter – que mede a intensidade do tremor de terra, chegando até o número 10 – e subsequente tsunami de 10 metros de altura.

Segundo o comunicado rubricado por Antonio Piersanti, diretor de pesquisas do INGV, a violência do impacto do tremor sísmico sobre o eixo de rotação terrestre foi muito mais intenso que o grande terremoto ocorrido em Sumatra, em 2004, que chegou a 9,1 pontos na escala Richter, mas, ainda assim, foi menor que o terremoto no Chile, em 1960, que chegou a atingir impressionantes 9,5 pontos da escala.

Este último terremoto, acontecido no Chile, foi estudado amplamente pela Agência Espacial Norte Americana (NASA) em 2010 e foi concluído que no instante que este tremor teria atingido a magnitude de 8,8 pontos, a duração de um dia terrestre foi encurtada em 1,26 microssegundo, ou seja, a 1,26 segundo dividido por 1 milhão, o que, embora pareça um número ínfimo, indica a potência e alcance do tremor de terra.


Leia mais: http://www.revistareciclarja.com/news/eixo-da-terra-deslocado/?utm_source=copy&utm_medium=paste&utm_campaign=copypaste&utm_content=http%3A%2F%2Fwww.revistareciclarja.com%2Fnews%2Feixo-da-terra-deslocado%2F

22 de março de 2012

O gosto amargo do cigarro

Stephen Doral Stefani

A imprensa noticiou que a Anvisa proibiu a comercialização de cigarros com aditivos com sabor. Evidentemente, a indústria do cigarro sofreu um golpe. Alega-se que a proibição inviabilizaria economicamente uma série de negócios na cadeia produtiva e com desdobramentos sociais. Muito difícil de convencer pessoas ligadas à saúde – que vivem de perto esta epidemia - que este impacto social seja maior do que o espantoso número de pessoas que está pagando um preço pelo erro de terem iniciado o hábito. E não me refiro, evidentemente, ao preço da carteira de cigarro (que fui pesquisar e é realmente caro, considerando que o tabagista faz uso crônico do cigarro), mas o biológico. Milhões de pessoas superlotam o sistema de saúde. O mais cruel talvez seja que os fumantes passivos – crianças e adultos que não fumam mas convivem com fumantes – ocupem o mesmo lugar na fila.

 
No mundo, o tabagismo gera uma perda econômica de US$ 200 bilhões a cada ano, sendo a metade nos países em desenvolvimento. Esta estimativa é resultado da soma de fatores como o tratamento das doenças relacionadas ao tabaco, mortes em idade produtiva, aposentadorias precoces, absenteísmo e menor rendimento produtivo. Cabe ainda pautar estratégias para combater o hábito instalado em pessoas que não tiveram instrução e apoio para abandonar o cigarro. Não temos estrutura adequada para oferecer tratamento interdisciplinar indicado. Deve-se chamar a atenção, também, para outro fator significativo: o mercado ilegal de cigarros no País. Estatísticas apontam que até 1/3 do comércio do tabaco seja irregular! Em resumo, o tema é ainda mais complexo do que se imagina. Com aditivos ou não, o gosto do cigarro será amargo para o fumante e para toda sociedade.

Médico oncologista